Ainda há controvérsias a respeito de qual modalidade, intensidade e freqüência de exercícios são mais indicadas a pacientes com osteoporose. Atualmente estão sendo realizadas pesquisas com diferentes protocolos, visando esclarecer, dissipar as dúvidas (DRIUSSO et. al., 2000).

Como já confirmado por inúmeros estudos, o exercício físico tem grande importância no que tange o ganho e manutenção da massa óssea (ERICKSON, SEVIER, 1997; KATZ, SHERMAN, 1998; LIMA, FONTANA, 2000; CHRISTMAS, 2000; BLOOMFIELD, 2002; LIMA, 2004; AGUIAR, 2004). Porém, questiona-se a eficácia de certos tipos de exercícios para a prevenção e o controle da osteoporose.

A massa óssea é relacionada à ação da musculatura sobre o osso, portanto exercícios gravitacionais são mais efetivos (GAU, 2001). As forças de compressão são realizadas por atividades de impacto, por descarga de peso e por cargas exercidas pelos tendões e pelos músculos sobre os ossos. Daí a importância para a manutenção da integridade do osso (DRIUSSO et. al., 2000). Segundo Cadore (2005), o mecanismo para o aumento DMO através do Treinamento de Força passa pela magnitude da deformação óssea causada durante essa atividade.

De acordo com Geraldes (2003), ao se tratar da osteoporose, porém, o treinamento contra resistência parece ser a estratégia mais adequada para traduzir em mineralização óssea os padrões de cargas aplicados. E se tratando de desenvolvimento da força e da DMO, bem como a diminuição de fraturas causadas por quedas, os programas de treinamento contra-resistência são adaptáveis e recomendados para indivíduos de qualquer idade, especialmente para aqueles de meia idade e idosos.

De acordo com a pesquisa de Vincent e Braith (2002), com idosos que praticaram musculação durante 6 meses, interessantes resultados foram encontrados. Os autores dividiram os sujeitos em 3 grupos: controle, exercícios de baixa intensidade e de alta intensidade. Observaram-se, após 6 meses de prática, mudanças positivas em variáveis físicas e no aspecto ósseo. Houve aumento significativo 1,96% da DMO do colo do fêmur no grupo que praticou em intensidade alta, no entanto, isso não foi observado em outras partes. E para mais, os dois grupos praticantes apresentaram aumento de marcadores de formação óssea: osteocalcina (25,1% e 39,0%, no grupo que praticou em baixa intensidade e alta intensidade, respectivamente); Fosfatase alcalina (7,1% no grupo de alta intensidade).

Outros estudos apontam diferentes vertentes para a prática de exercícios objetivando ganhos na DMO. Segundo Lima e Fontana (2000), um aumento significativo da Densidade Mineral Óssea foi encontrado através da realização de 50 saltos verticais diários numa altura média de 8 centímetros, esta não é uma atividade atlética, mas necessitará de pelo menos 1 minuto para executá-la.

A maioria de atividades são preferíveis a um estilo de vida sedentário e devem ser incentivadas (ASHE E KHAN, 2004). Mas como evidencia Driusso et. al. (2000), caminhadas leves não produzem aumento na densidade mineral .

Chien et. al. (2000) demonstra em seu estudo a eficácia de um programa de exercícios aeróbicos em mulheres na pós-menopausa, nas quais, foram divididas em um grupo que caminhava em esteira com intensidade acima de 70% do VO2 de pico,por 30 minutos, seguidos de 10 minutos de exercícios de step. Os resultados mostraram aumento de força do quadríceps, endurance muscular e VO2 máximo, no grupo que se exercitou, sendo que no grupo controle não houveram alterações. A DMO das vértebras L2-L4 e da cabeça do fêmur aumentaram 2,0% e 6,8%, e no grupo controle diminuíram 2,3% e 1,5% respectivamente.

Na pesquisa de Ryan et. al. (1998), foram selecionadas 30 mulheres na pós -menopausa, que não usavam nenhum tipo de medicação e/ou Terapia de Reposição Hormonal (TRH), e que também não participavam de programas de exercícios a pelo menos 6 meses. Os sujeitos foram divididos em dois grupos (n=15), ambos objetivando a perda de peso, sendo um com restrição calórica, e outro com a prática de exercícios aeróbicos. Os resultados mostraram que ambos os grupos reduziram a média de peso corporal e percentual de gordura, porém, houve também perda de massa óssea total. No entanto, foram analisadas partes ósseas na qual no grupo de restrição calórica houve perda, e no grupo de exercícios aeróbicos, uma manutenção regional da DMO.

Existem pesquisas que apontam à natação como um esporte que não favorece o ganho de massa óssea. Liu et. al. (2003) estudaram jovens atletas, ,incluindo nadadores, e não encontraram diferenças de aumento da DMO na tíbia entre jovens nadadores e o grupo controle. No entanto, no estudo de Falk et. al. (2004) foi observado, por meio de técnica de ultra som, um aumento da massa óssea da tíbia de nadadoras, quando comparados a um grupo controle, sendo que na parte distal do rádio não foram observados os mesmos aumentos. Talvez a natação não seja o exercício que mais promova a osteogênese, mas ainda assim, podemos observar algumas diferenças de composição óssea entre nadadores e sedentários. Entretanto, outros fatores da aptidão física como capacidade cardiorespiratória, flexibilidade, força muscular, coordenação e equilíbrio, podem ser melhorados por meio da prática regular da natação e são muito importantes para indivíduos osteoporóticos.

Talvez o exercício que mais intrigue os profissionais da área enquanto sua eficiência na osteoporose é a hidroginástica. Este tipo de exercício é muito aceito pelo público idoso; talvez seja pela interação que a aula proporciona aos participantes, e/ou pela crença na ação terapêutica que a água pode trazer. Mas qual seria a eficiência quanto ao ganho/manutenção de massa óssea que esta atividade proporcionaria?

Silva e Lopez (2002) estudaram um pequeno número de alunas (idade entre 60 e 77 anos) com osteopenia ou osteoporose no inicio do programa. Estas foram submetidas a sessões de hidroginástica, três vezes por semana pela manhã na exposição do sol, com duração de 50 minutos durante um ano. Como resultado, além de mudanças positivas nos valores antropométricos, houve melhora da DMO da coluna lombar em 70% das alunas, enquanto que 60% obtiveram uma melhora na DMO do fêmur.

Em um estudo prospectivo e randomizado, Ay e Yurtkuran (2005) estudaram 62 mulheres pós menopausadas (54,1 ± 7 anos) e observaram que houve resultados favoráveis quando se relacionou o exercício aquático à massa óssea do calcâneo. Neste estudo, as mulheres foram divididas em três grupos: exercícios com a sustentação do peso do próprio corpo, exercícios aquáticos e grupo controle. A pesquisa teve duração de 6 meses e ao final deste período os autores encontraram diferença significativa na massa óssea dos grupos que se exercitaram em relação ao grupo controle. Os resultados aferidos pela Ultrasonometria Quantitativa de Calcâneo (BUA) revelaram que o grupo de exercícios terrestres aumentou a DMO em 4,2% (p < 0,05), porém as pessoas que se exercitaram na água também obtiveram um ganho de massa óssea importante: 3,1% de aumento (p < 0,05), enquanto que os controles apresentaram uma diminuição de 1,3% (p > 0,05).

Entretanto, Bravo et. al. (1997) após analisar 77 mulheres pós-menopausa, de idade entre 50 e 70 anos - após 12 meses de exercícios na água, consistindo de sessões semanais de três vezes com duração de 60 minutos - constatou uma diminuição em 1% na DMO espinhal e nenhuma alteração significativa da DMO na cabeça do fêmur.

Ainda existe muita contradição permeando os exercícios físicos e sua indicação aos indivíduos com osteoporose. Alguns exercícios apresentam influência positiva na DMO, porém, não se sabe exatamente qual seria o exercício ideal, ou mesmo se este existiria. Vemos uma inconstância de resultados. Acreditamos que grande parte dos resultados conflitantes das pesquisas ocorreram devido a problemas metodológicos, necessitando assim, de mais estudos acerca deste tema. Observamos ainda uma má interpretação de alguns estudos que se referem a exercícios aeróbicos e DMO.

Ressaltamos ainda a importância de se contemplar em um programa de exercícios físicos voltados à prevenção e/ou controle da osteoporose, os outros parâmetros da aptidão física:

"A general activity program emphasizing strength, flexibility, coordination, and cardiovascular fitness may indirectly reduce the risk for osteoporotic fractures by decreasing the risk of falling and by enabling older women to remain active, thereby avoiding loss of boné throughinactivity". (ACSM, 1995, p. 5).

Podemos observar na prática de exercícios, além da melhoria da qualidade óssea (GERALDES, 2003; ANDREOLI et. al., 2001; KEMMLER et. al., 2002; VICENT, BRAITH, 2002; RYAN et. al., 1998) a melhoria da agilidade (ZAZULA E PEREIRA, 2003); aumento da estabilidade postural (ZAZULA E PEREIRA, 2003; WYSONG, 2003); melhoria da flexibilidade (ZAZULA E PEREIRA, 2003); aumento de força (ZAZULA E PEREIRA, 2003; WYSONG, 2003; TODD e ROBINSON, 2003); aumento de massa muscular (ZAZULA E PEREIRA, 2003); melhoria do equilíbrio (ZAZULA E PEREIRA, 2003; WYSONG, 2003). Concordamos que é de extrema relevância objetivarmos ganhos nos vários outros fatores da capacidade funcional de um indivíduo, tais como melhoras nas medidas antropométricas, além das aptidões cardiovasculares e psicomotoras, visando uma melhora qualidade de vida desta pessoa.

A melhora nos parâmetros mencionados acima estão diretamente correlacionados à diminuição do risco de quedas (AMERICAN COLLEGE OF SPORT MEDICINE, 1995), estando assim, o exercício físico associado à prevenção de fraturas osteoporóticas (BASSEY, 2001).

Acreditamos que o acompanhamento do profissional de Educação Física especialista no tema se torna indispensável, pois a prescrição de exercícios físicos, principalmente quando dirigidos ao público portador de osteoporose, deve ser feita de maneira diferenciada para cada individuo na busca de resultados efetivos.

Fonte

Espero que tenha gostado da nossa abordagem.
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